Décimo nono dia - larechas

dia-a-dia: pedra e mais pedra

Voltam as obrigações na obra. O empreiteiro passou por lá na semana passada e deixou os tubos presos ao pavimento, e tirando um tubo duma sanita que não ficou no sítio certo está tudo pronto para se fazer o enchimento do pavimento das casas de banho. Para a semana tenho de voltar para o fazer com os homens.

A parede acelerou - numa semana e pouco fecharam outro outão. Com a velocidade veio, inevitavelmente, a falta de critério. Como a pedra vem agora miraculosamente do palheiro demolido já há pedras grandes abundantes. Para grande pena minha tive outra vez de os repreender: mais pedra falheira, mais pedras compridas, menos pedras gigantes. Inventaram inclusive cunhos na vertical. Tanta pressa não sei para quê.

Ataquei as ginjas com a Mafalda. Colher um pouco, comer um pouco, podar mais um bocadinho. De cada ramo seco que cortávamos surgia mais um formigueiro. Quando se sentiam a descoberto, algumas das formigas corriam a esconder as larvas, enquanto que outras, mais bicho mau, corriam a atacar-me as mãos. A Clementina dizia que não eram formigas, eram larechas. Sei que eram inimigas das minhas mãos, e que cravavam os ferrões das suas cabeças vermelhas na minha pele e rabeavam, não sei se de gozo se de desespero.

Depois de vencermos as larechas e de colhermos todas as ginjas a Clementina perguntou-me se a outra gingeira também era minha. Na dúvida, colhemos o que pudemos.

ginjas daqui (gesto característico na orelha)

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