Hoje dormi um pouco mais. Assim, cheguei à obra já o calor tinha assentado praça. Decidi que hoje apenas apanhava figos, e assim fiz. Depois da apanha da amêndoa e agora dos figos, decidi definitivamente que não tenho vocação para ter árvores monumentais. Se a árvore é de fruto, a sua dimensão deve ser apropriada à apanha. Tentar podar as árvores de maneira a ter a melhor fruta possível e garantindo uma apanha fácil.
Claro que quando olho para as gingeiras do vizinho (que até podem ser minhas) e para os castanheiros, a ideia de copas fechadas e redondas também me reluz. E gosto de deixar parte da fruta para os melros. Tenho de pensar bem nisto.
À hora do almoço procurei o Zé Manel em casa. Perguntara-lhe sobre um queijo e com o barulho da máquina não percebi a resposta. Ao longe apareceu a tia Rosa (a minha tia-avó) a gesticular. Dentro da sua cozinha estava o Zé Manel, um senhor de Lordelo e o marido da tia Rosa, de cujo nome não me recordo. Almocei com eles. No fim fiquei encarregado de entregar uma caixa de pêssegos à minha mãe. Levei comigo figos e uvas, meus, e os pêssegos da tia Rosa.
Ontem fiz parte da viagem inebriado com um estranho cheiro a mel. Ou a mel ou a favos ou a uma flor que dá aroma ao mel. Também a lua me acompanhou, se não lua cheia pouco faltou, de início a pairar resvés sobre os montes, ao virar a sul, depois de Mirandela, já solta de tudo o que de terreno lhe podia sobrar, sorria-me do meio do céu, em esplendor total. É muito linda a lua em Trás-os-Montes.
Fiz um dos primeiros troços do IP4 convertido em A4 já aberto ao público. Continuo a ser contra esta autoestrada em sítio onde pouca gente viaja (e ainda mais quando penso no engodo financeiro utilizado para a construir), mas o facto de se construir uma via de tão grande capacidade numa região onde, segundo dizem os seus detratores, já não há população que justifique caminho-de-ferro, não deixa de ser paradoxal.
Voltei à obra depois de uma semana sem obra. Insisti que se as pedras das portas não vinham se devia avançar para outras partes, e já que se falou na forra da viga-lintel ela devia avançar. Os homens já ontem tinham lá estado e apenas forravam a viga-lintel com dez centímetros de pedra. Chegou o desmancha-prazeres que lá lhes disse que tinham de ser vinte os centímetros, de modo a tudo bater certo. Pela primeira vez pediram-me provas do que eu dizia. Um desenho. Disse-lhes que tinha desenhado tudo no computador. Ao ver que isto não era suficiente prometi-lhes um desenho feito à pata, despachado no carro em cinco minutos. O senhor António acalmou com a evidência da geometria mas o Paulo manteve a incerteza, sempre dizendo que faziam o que eu queria mas eu tinha de ter a certeza. Confrontei-o com mais umas verdades sobre a obra, o processo e as minhas decisões e lá se acalmaram todos. E tudo seguiu como planeado.
De pedido em pedido lá me vi sob as amendoeiras com um fardo (rede), uma vara de freixo e uma enorme vontade de apanhar amêndoas. O Hugo perguntou-me se eu ia varejar e logo a seguir surgiu para me ajudar. Como ele era entendido na arte deixei-o opinar, e a meio da tarde (antes de os homens irem embora) já tinha dominado a arte da apanha da amêndoa. Com uns cordéis atávamos o fardo às árvores circundantes (onde as havia - aqui percebi uma das vantagens de ter o compasso entre as árvores sem intervalos) ou às pedras dos muros e conseguíamos que as amêndoas não deslizassem monte abaixo. Depois era enfiá-las nas caixas que a Clementina nos emprestava e levar as caixas de volta à procedência.
o fardo do Amílcar e a minha amendoeira
a vara do Amílcar e a pobre da amendoeira
amêndoas por descascar
amêndoas prestes a descascar
Como não me imagino a mim nem a ninguém que conheça com paciência para partir a casca da amêndoa, doei a minha amêndoa à Clementina (um erro, foi o Amílcar que me emprestou o fardo e a vara). Ainda mal percebendo o que se fazia com as amêndoas, encontrei o Zé Manel ao início da manhã a manejar uma máquina elétrica que separava toda a folha das amêndoas e arrancava grande parte da sua pele. Convencido que a máquina era única na aldeia, ainda pensei em levar ao Zé Manel as minhas amêndoas, até que percebi que o Luís também tinha a sua máquina, e o trabalho consistia apenas em separar as 'secas' de entre as amêndoas que já tinham ido à máquina. Na casa do lado o Amílcar ocupava-se a descascar a pele exterior das amêndoas ele mesmo, apesar do vizinho ter uma máquina que lhe pouparia imenso trabalho. Coisas de aldeia, que ainda não percebo bem.
A estrutura que aparece na foto de baixo é uma passeira, que (neste caso) serve para passar figos. O processo ainda implica escaldamentos e açúcar em pó. Quando puder publico aqui a receita.
uma passeira em ação
Tentei dar banho à Fidalga. Conselho do médico, antisséptico na proporção de 1/10 na água, etc. A minha dúvida era se conseguiria prender uma cadela que tem pouco ou nada de domesticada e que tem óbvios traumas do passado. Prendi um cordel em volta dupla a uma pedra, ao qual prendi a trela que o Paulo me dera, à qual prendi a coleira da Fidalga. Tudo isto com algum planeamento anterior, trazendo a mangueira para perto, o medicamento, atraindo a cadela. No momento em que ela se percebeu presa entrou em pânico (já esperado), ganiu e ganiu e esperneou como se a estivessem a matar. Já eu avançava com o canivete para cortar o cordel quando ela quebrou o que a prendia com a força do seu desespero e fugiu para longe. Ainda atónito, tentei segui-la pelo pinhal, na esperança de recuperar a trela. Avancei um pouco mais do que o costume. Pelo caminho uma cobra, a maior que já vi, fugiu de mim para dentro de um tronco velho, muito mais assustada do que eu.
A Quinta dos Baldo é uma pequena Casa de Campo em Martim Tirado, no Douro Internacional. Alugamos ao quarto ou a Casa toda. Para mais informações, contacte-nos.
Oferecemos aos nossos hóspedes a possibilidade de viajarem de barco no Douro Internacional, com preços promocionais: adulto: 12 euros criança (até 14 anos): 6 euroscriança (menos de 4 anos): grátis(percurso)
Percursos pedestres / cicláveis
O Nordeste Transmontano tem grandes variações térmicas ao longo do ano, por isso as melhores épocas para caminhar são o outono e a primavera. As caminhadas durante os dias mais quentes do verão são totalmente desaconselhadas. Durante o inverno é perfeitamente possível ter bons dias para caminhar, se evitarmos a época das chuvas e começarmos cedo, já que os dias são curtos.
Caminhar por Martim Tirado
PR15-TMC Rota dos MoinhosPercurso circular de 10,3 km, sinalizado. Período ideal: percorrível durante todo o ano, a evitar nos períodos mais quentes. As pendentes são consideráveis. gpxwikilocfolheto
Caminhar por Moncorvo, Freixo, Mogadouro, Miranda, Figueira e Foz Côa
PR1-FEC Ribeira do Mosteiro – Calçada de AlpajaresSituado em Poiares, Freixo de Espada à Cinta. Percurso circular de 7,6 km. A subida é considerável mas é facilmente percorrível. Período ideal: a evitar no verão e em dias mais quentes. gpxwikiloc
Rota da CigadonhaSituado em Carviçais, Torre de Moncorvo. Percurso circular de 6,5 km. Sentido ideal: contrário aos ponteiros do relógio. Período ideal: evitar épocas de chuva. Percurso não sinalizado (mas balizado). gpxartigo
Faia d'Água AltaSituado em Lamoso (Bemposta), Mogadouro. Percurso circular de 700 m (+3 km entre a estrada e o início do percurso). Sinuoso mas facilmente percorrível. Período ideal: depois de épocas de chuva. gpxwikilocartigo
Trilho do PãoSituado em Bruçó, Mogadouro, e integrado nos Trilhos da Memória. Percurso circular de 7,3 km, não marcado (mas balizado). Fácil de percorrer. gpxartigo
Rota de BalsamãoSituado em Chacim, Macedo de Cavaleiros. Percurso circular de 4,8 km. Período ideal: percorrível durante todo o ano, a evitar nos períodos mais quentes. gpxfolhetoartigo
Os primeiros resultados indiciam um céu de muito boa qualidade (valor médio da região acima de 21.50 mag/arcsec2, valor acima do valor de referência de 21.00 mag/arcsec2). Raul Cerveira Lima (relatório)(mapa)
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Dom Baldo de Martim Tirado e o seu palácio de uma torre