Centésimo vigésimo primeiro dia - gato-bravo

Acordei tarde e logo segui para Freixo. Precisava de comprar mercearias e uma máquina de lavar roupa para a casa. Aproveitei para consultar o email no sempre agradável Café Xangai e para falar com o carpinteiro. Era dia de feira, estava Freixo cheio de gente como nunca vi.

Voltei para continuar o chão. A verdade é que o trabalho solitário, as dores e o calor deitam qualquer um abaixo, mas quando se conclui que o trabalho não corre bem, o intelecto reage ainda pior, e vamo-nos abaixo. Foi o caso dontem, ao notar que parte do trabalho anterior não tinha corrido bem e que, mesmo sabendo disso, não conseguia dar a volta e fazer bem.

a sala

Tudo mudou hoje. Para além ter passado a ter todo cuidado do mundo com a água que uso para molhar o barro antes de aplicar a segunda camada, passei a aplicar o barro extremamente molhado (quem me ensinou falou-me em 'goma', e acho que o termo é correto). Assim, o remate final com a palustra é um ligeiro afagar duma 'goma' molhada. A palustra desliza como uma prancha de surf sobre uma onda.

a sala

E nota-se no resultado. Como a camada final é aplicada quase líquida, a água faz com que não sobrem espaços entre as areias e o barro, o que dá origem a uma superfície homogénea.

a sala

A Clementina deu-me a provar o doce (compota) de tomate acabada de fazer. Espalhei-a, ainda quente, sobre uma fatia de pão. Os turistas hão de fazer filinha, tia Clementina.

Ainda agora, seguia-me o Trovão a caminho da escola quando o vejo a largar encosta acima. Logo atrás dele seguiu a Fidalga. Seguiam atrás de um gato pardo, gordo e de cauda espessa. A perseguição continuou pelos pinhais, com cães de todo o lado a juntarem-se à festa. Ou é de mim ou era um gato-bravo.

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