Gente que gosta - Adelita Rosa de Mesquita


Nuno Gomes, boa noite!

Sirvo-me do presente email para parabeniza-lo pelo seu projeto Quinta dos Baldo. Contagiante o seu diário blogado desde o 1º dia ( demolições) até o 145º dia ( obra terminada).
Fiz questão de acompanha-lo desde a sua primeira postagem, pude participar da sua emoção em reconstruir a arquitetura dos seus ancestrais. Tudo muito lindo. Acompanhei passo o passo da sua construção em silêncio e só agora me manifesto para parabeniza-lo.
Sou brasileira, possuo um projeto um pouco parecido aqui no nordeste do Estado de Goiás/Brasil.
Meu nome é Adelita , apelidaram-me de  Della.
Meu blog é http://estanciadosportais.blogspot.com.br Permaculturando com Arte.
Querendo dê uma passadinha por lá. Estou um tanto desatualizada devido aos muitos compromissos embaraçados mas pretendo organiza-lo a partir deste mês que começam as práticas permaculturais do meu projeto.

Felicidades mil e que suas cerejeiras floresçam com a mesma intensidade do seu amor e paixão pela Quinta dos Baldo.

Parabéns e que você tenha muito sucesso no seu empreendimento.
Abraços
Della

Open Street Map - Perímetro Florestal do Palão

Nas minhas andanças pelo Open Street Map tenho desenhado toda a rede de caminhos que envolve Martim Tirado. Com o tempo surgiram também as manchas florestais. Comecei entretanto a distinguir entre caminhos, e também entre as manchas florestais, que podem ser espontâneas ou geridas.

Povoamento de pinheiros

O que distingue uma da outra na fotografia de satélite é que a floresta gerida é plantada, e normalmente isto é feito segundo as curvas de nível.

A caminho de Freixo, o crescimento de um carvalhal (misto de americano e pyrenaica) foi-me apaixonando ao longo dos tempos. Percebia que era um crescimento controlado, mas apenas aquando do início dos trabalhos de manutenção é que percebi que os carvalhos tinham sido plantados e eram geridos, assim como o pinhal que os envolve. Viam-se claramente as linhas de plantação, segundo as curvas de nível. As pessoas da zona apenas me falavam dos dois grandes incêndios que arrasaram com a zona, uma vez alguém me falou de uma gestão conjunta, e é tudo o que sabia sobre aquele povoamento.

Só quando comecei a investigação é que me cruzei com o mapa de áreas geridas pela Autoridade Florestal Nacional (agora ICNF):

Áreas geridas pela AFN

Foi então que descobri o conceito de perímetro florestal, e dentro disso, o Perímetro Florestal do Palão:


A área a verde tenta representar os limites do Perímetro (se bem que toscamente). Ao prestar mais atenção ao passar de carro e ao desenhar as suas características, apercebi-me que a sua plantação regrada, os pontos de água, a rede de caminhos, são tudo questões essenciais para a autoproteção do Perímetro, assim como para o seu sucesso florestal.

Um pouquinho de busca e descobri mais sobre o projeto em curso, gerido pelas Juntas de Freixo e Mazouco. Não estará a ser seguido à justa

Para combater a desertificação física dos solos, os técnicos vão pôr de lado o pinheiro, que anteriormente povoava aquela área, e plantar espécies mais adequadas ao solo e clima da região, como é caso do sobreiro, castanheiros, azinheira e carvalho.

(plantaram-se muitos pinheiros), mas é certamente um exemplo para um país com muita floresta mas que é muito pouco florestal. Espero que avancem com os cogumelos: 

Naquela zona vai, ainda, ser criada uma mancha para a produção de cogumelos silvestres, bem como a recuperação da antiga casa florestal.

Plantando um jardim autóctone, económico e sustentável

1 - Transplante

Não era uma ideia antiga, esta de criar um jardim a envolver a Quinta dos Baldo com plantas da aldeia, se bem que já vinha de longe a vontade de criar jardins com plantas com baixa necessidade de água e pouca manutenção. 

De muito andar por Martim Tirado, comecei a identificar plantas que pudessem integrar-se num jardim acolhedor, florido e cambiante ao longo do ano. Assim sendo, comecei por pensar na arçã (rosmaninho), vulgar nas beiras das estradas ou na transição entre campos cultivados e giestais e pinhais. A flor é linda e o cheiro inebriante. É uma das minhas arbustivas preferidas. Pensei também no xagarço, e ainda mais depois de o encontrar junto às urzes, a criar tufos redondinhos, perfeitinhos, verdinhos, ali que não tem que lutar pela vida (ao contrário do pinhal estabilizado, onde só o pinho se safa). A urze também entrou na lista, se bem que em Martim Tirado só se encontra na serra, e nos sítios altos. Já nas arbustivas de maior porte a carqueja era também uma escolha óbvia. Ótima para a culinária, flor amarela e bonita. A esteva, com a sua singela flor, também foi considerada, assim como a giesta, branca e amarela, conseguindo assim florações mais espaçadas.

Como o inverno está a chegar ao fim, tive de acelerar o processo. Comecei pela arçã e pela carqueja. As carquejas arranjei-as no início do pinhal, embrenhadas em giestas e pinhos jovens. Como já tinham lançado raízes profundas tenho dúvidas que peguem. Dúvidas essas que não tive no transplante das arçãs, que arranjei no souto do tio Amílcar, um pouco acima da casa dos meus avós, no espaço entre duas leiras que não é lavrado. As arçãs duram pouco tempo e por isso deitam pouca raiz, e fiz questão de escolher os espécimes mais jovens e isolados, para garantir um transplante perfeito. Se correr bem, em Abril já as tenho floridas, já que consegui transplantá-las com torrões a conter a raiz inteira. Aqui fica o processo do transplante; o resultado mostro depois.

Limpar à volta. 
Cavar à volta.

Sachar de uma vez só.

Acomodando.

Transporte.